Como surgiu a neuroarquitetura?

De onde viemos?

A partir de sua própria vivência, o médico epidemiologista norte-americano Jonas Salk, conhecido como o inventor da primeira vacina antipólio, observou que os espaços influenciavam as emoções. Assim, a neuroarquitetura dava seus primeiros passos.

Nos anos de 1950, Salk morava na Itália e percebeu que, cada vez que visitava a Basílica de São Francisco de Assis, construída no século XIII na cidade de Assis, ele se tornava mais criativo e inspirado. Essa percepção levou-o a convidar o renomado arquiteto Louis Kahn, para construir a sede do seu instituto, fundado ao retornar aos EUA, em 1962.

O médico queria que o edifício do Instituto Salk, em La Jolla, Califórnia, voltado a pesquisas nas áreas de biologia molecular, genética, neurociência e biologia vegetal fosse uma mistura de arte e ciência, e que a funcionalidade e estética andassem juntas, a fim de inspirar cientistas a realizarem pesquisas com a mesma paixão que artistas criam suas obras.

No entanto, apenas em 2002, o tema ganhou relevância a partir da união das forças do neurocientista Fred Gage, professor do Laboratório de Genética do Instituto Salk, e do arquiteto John P. Eberhard, que criaram a disciplina denominada neuroarquitetura.

O intuito era entender como o ambiente físico influencia o funcionamento e a estrutura do cérebro dos seres humanos, sendo responsáveis pela fundação da ANFA – Academy of Neuroscience for Architecture (Academia de Neurociência para Arquitetura). Assim, o termo neuroarquitetura passou a ser utilizado oficialmente em 2003.

 

Para onde vamos?

Nas últimas duas décadas, os estudos referentes à neuroarquitetura avançaram e, hoje, é possível estabelecer os efeitos dos ambientes nos seres humanos. Através da relação entre a neurociência e o design arquitetônico, a neuroarquitetura investiga como os componentes do ambiente construído influenciam a função do cérebro e do sistema nervoso.

Afinal, a resposta humana à arquitetura é resultado de emoções subjetivas, como gostar ou não de um prédio, sentir-se confortável ou oprimido em um espaço, e a neuroarquitetura busca entender e explicar essas reações.

Neurocientistas descobriram que processos distintos ocorrem nos cérebros, envolvendo consciente e subconsciente, cognição e fisiologia, a partir do momento que se adentra um espaço. Os processos afetam nossas emoções, saúde e até mesmo o desenvolvimento da memória.

Assim, a neuroarquitetura demonstra-se promissora para o futuro das residências, condomínios, escolas, hospitais e até das cidades, a partir do entendimento da forma como as pessoas vivenciam seu ambiente e a maneira como a arquitetura é projetada a fim de promover bem-estar físico e emocional, e a criatividade.

Nos ambientes corporativos, a neuroarquitetura impacta a produtividade, pois emprega recursos estéticos e funcionais com efeito na melhoraria do desempenho profissional.

Sendo assim, são infinitas as possibilidades também ao levar o conhecimento à escala das cidades, por exemplo, para o desenvolvimento e para a resolução de desafios urbanos, afinal as construções moldam o ambiente de vida de milhares de pessoas.

No entanto, há um longo percurso até que a neuroarquitetura possa ser aplicada de forma intensa no setor profissional de arquitetura, design e planejamento urbano.

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