Um dos nomes mais renomados da arquitetura, Lina Bo Bardi atravessou décadas deixando marcas na história da arte. Arquiteta, Ítalo-brasileira, nasceu na Itália no ano de 1914, viveu em seu país de nascença até chegar à cidade de São Paulo, onde residiu grande parte de sua vida.
Lina Bo Bardi, reconhecida por grandes projetos modernistas na arquitetura, atuou também como curadora, pintora, historiadora, além de expressar ao longo de sua existência uma forma humanitária de compreender o mundo e a importância do acesso à arte e a pulverização desse tema.
Ao longo desse post você conhecerá mais sobre a vida, carreira e algumas das obras mais marcantes de Lina Bo Bardi, personagem que inspira mulheres na arquitetura. Acompanhe!
Achillina Bo Bardi nasceu na cidade de Roma, capital da Itália, no dia 5 de dezembro de 1914. Sua formação como arquiteta se deu na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Roma, na década de 1930.
Após finalizar a graduação, Lina seguiu morando na Itália, mudando-se posteriormente para a cidade de Milão. Na metrópole, trabalhou com o arquiteto Gio Ponti e atuou como editora para a famosa revista Domus.
Na cidade de Milão, Lina passou a ganhar maior notoriedade em sua área e deu início a seu primeiro escritório solo. No entanto, a arquiteta encontrou empasses nesse período de sua carreira. No ano de 1943, em meio à segunda guerra, Lina teve seu escritório bombardeado.
Pouco tempo depois, em 1946, a arquiteta casou-se com Pietro Maria Bardi, crítico e historiador de arte. Juntos, mudaram-se para o Brasil e, aqui, iniciou-se o que viria a ser a história de uma das mais importantes mulheres na arte do país.
Atraída pelas belezas e encantos da antiga capital do Brasil, Lina muda-se junto a seu marido para a cidade do Rio de Janeiro. No entanto, deslocam-se para a cidade de São Paulo um ano depois, quando são convidados pelo empresário e jornalista Assis Chateaubriand para fundar e dirigir o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP.
Ainda na capital paulista, no ano de 1951, Lina concebe o projeto Casa de Vidro, sua residência e local onde hoje funciona o Instituto Bardi, espaço dedicado à produção intelectual no campo da arquitetura, urbanismo, design e das artes. É também nesse ano que a artista naturaliza-se no Brasil, ganhando assim o título de Ítalo-brasileira.
Em sua história, Lina é reconhecida por seus projetos no nordeste do Brasil. Sua trajetória na região começou em 1958, quando foi convidada a dirigir o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA). Retornou para a cidade de São Paulo em 1966, e em 1968 é inaugurado o projeto do MASP, modelo da arquitetura modernista.
Lina Bo Bardi marcou a história da arquitetura no Brasil. A seguir, conheça algumas de suas obras e pontos importantes que as tornam referência na área. Acompanhe!
O Museu de Arte de São Paulo foi fundado oficialmente em 1947 e teve o início de sua história na rua 7 de Abril, no centro da cidade. Contudo, com o crescimento do acervo fez-se necessário um novo local dedicado ao museu.
Assim, Lina Bo Bardi foi convidada a realizar o planejamento do novo ambiente. O projeto foi concebido em 1957, mas todo o processo de execução perdurou por 12 anos. A construção do edifício teve início em 1961 e a sua inauguração foi em 1968.
A obra fica situada na Avenida Paulista na cidade de São Paulo e se estende por 74 metros de comprimento, com um grande vão livre na parte inferior, o maior do mundo em sua época. Com uma arquitetura simples, porém inovadora, o museu, protegido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico desde 2003, estimula a cultura local e o acesso à arte.
A casa de vidro tem uma história importante na carreira de Lina. Em 1951, mesmo ano em que se naturalizou brasileira, é inaugurada a sua primeira obra construída em São Paulo, localizada na Zona Sul do estado. O lugar, inicialmente, tinha como finalidade ser de uso residencial de Lina e seu companheiro. Atualmente na casa funciona o Instituto Bardi, fundado por Lina em 1990.
A casa é marcada pela transparência, concebida pelos grandes panos de vidro e pela sutileza da estrutura feita em aço. O local fica em meio a uma área de Mata Atlântica, assim, há uma fluidez na relação entre interior e exterior. Em 1987, a casa foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT).
O restauro do Solar do Unhão foi mais um dos marcos na carreira de Lina Bo Bardi. O local era utilizado como depósito de mercadorias e também havia funcionado como quartel para os fuzileiros navais. Entretanto, nos anos 60, passou a ser o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA).
O casarão considerado patrimônio histórico e provido de uma bela arquitetura colonial fez com que a arquiteta mantivesse a identidade original no edifício, sendo uma das alterações de maior destaque o espaço interno do museu que recebeu uma escada helicoidal que liga o térreo ao primeiro pavimento.
Apesar de ser um elemento tão usual, a escada tem seu destaque devido a seu formato retangular e a seu método construtivo feito por encaixes com travamentos semelhantes aos usados em carros de boi.
O Solar do Unhão foi tombado ainda nos anos 40, antes da reforma. O local fica às margens da Baía de Todos os Santos em Salvador e segue em funcionamento.
O projeto do Sesc Pompeia partiu de um convite feito a Lina para que transformasse uma antiga fábrica de tambores em um complexo de lazer e cultura. O projeto teve colaboração dos arquitetos Marcelo Ferraz e André Vainer.
A obra durou cerca de 10 anos e foi concluída oficialmente em 1986. O projeto está inserido na Zona Oeste de São Paulo e conta com dois volumes prismáticos de maior destaque e uma grande torre cilíndrica.
Dentre os detalhes que tornam a obra excepcional estão as janelas e aberturas irregulares criadas a partir de moldes de isopor, que fogem do padrão estético e dão identidade ao edifício. Os mobiliários também cumprem função importante no projeto e foram criados especificamente para o local.
O Sesc Pompeia é um espaço de imensa valia para a população e marca, mais uma vez, a construção de uma grande obra nas mãos de Lina Bo Bardi.
Lina se destacou por compreender a relação entre corpo, espaço e tempo. Suas obras respeitam o entorno e o tempo histórico em que foram inseridas e, ainda assim, são exemplo de inovação.
Conhecida, principalmente, na arquitetura ao longo de suas caminhadas, Lina atuou também como editora, designer e em tantas outras áreas, deixando marcada sua estética modernista e respeito às tradições populares.
Executou projetos funcionais, que se relacionam com os corpos que os habitam. As obras de Lina, sejam prédios ou objetos de design, são um bom exemplo de um assunto muito atual, a neurociência aplicada à arquitetura, meio que estuda a relação entre espaço, corpo e mente. A Roca Neurolab Experience, traz de forma mais aprofundada o tema.
Como você viu, Lina Bo Bardi é uma referência nas artes e deixou um legado importantíssimo para a história da arquitetura brasileira. Sabemos que em meio às dificuldades e desigualdades no mercado da arquitetura, Lina se tornou uma inspiração e faz parte da história da ascensão das mulheres nesse ramo.
A arquiteta faleceu em 1992, em São Paulo, deixando grandes trabalhos, acervos e histórias que viriam a se tornar livros, pesquisas, filmes, documentários e referências no meio acadêmico e profissional.
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