Conforme vamos ficando mais velhos, nossas demandas e exigências de moradia se modificam. O lar é o refúgio onde buscamos conforto, segurança, bem-estar e, para as pessoas na melhor idade, esses aspectos tornam-se ainda mais essenciais.
A neuroarquitetura, disciplina que combina princípios da neurociência com arquitetura e design de interiores, oferece uma abordagem inovadora para criar ambientes residenciais que promovem a saúde física, mental e emocional dos idosos. De acordo com a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2030, a população idosa brasileira será maior do que a de crianças, ultrapassando os 43 milhões. Nesse cenário, a arquitetura e o design precisam assumir um papel relevante no apoio à qualidade de vida e autonomia da população ao longo das diversas fases da vida.
O estudo da neuroarquitetura que busca uma visão mais focada nas pessoas, pode unir forças com a gerontologia, campo que estuda de maneira aprofundada o envelhecimento humano no âmbito biopsicossocial. Esse conhecimento é importante não apenas ao projetar espaços específicos para pessoas idosas, mas também para projetar espaços mais acessíveis para todos.
Aging in Place (Envelhecendo no Local)
O conceito “Aging-in-Place”, traduzido em português como “Envelhecimento no Local”, refere-se à capacidade de os indivíduos permanecerem em suas próprias residências e comunidades à medida que envelhecem, em vez de se mudarem para instalações de cuidados mais formais, como lares de idosos ou comunidades assistidas. Esse conceito promove a ideia de que os idosos podem manter sua autonomia, independência e qualidade de vida ao longo do processo de envelhecimento, desde que suas necessidades sejam adequadamente atendidas em seus ambientes residenciais.
Ao combinar os princípios do Aging-in-Place com as aplicações práticas da neuroarquitetura é possível criar ambientes que não apenas permitem que os idosos envelheçam com dignidade e independência em suas casas, mas também promovam sua saúde física, mental e emocional de maneira abrangente e eficaz. Projetar locais acessíveis e seguros é fundamental para as pessoas na melhor idade e isso inclui a eliminação de barreiras arquitetônicas, como degraus, a instalação de corrimãos e piso antiderrapante para prevenir quedas.
Criar um layout que seja intuitivo e simples de navegar é essencial para esse público. Tais cuidados envolvem a organização dos espaços de forma a minimizar a necessidade de deslocamentos excessivos e garantir que as áreas de uso frequente sejam facilmente acessíveis. A seleção minuciosa de cores e texturas pode ter um impacto significativo também para esta população no que diz respeito ao bem-estar emocional. Cores suaves e tons terrosos podem criar uma atmosfera acolhedora e relaxante, enquanto texturas táteis podem estimular os sentidos.
Benefícios da neuroarquitetura para os espaços pensados na melhor idade
Promoção da saúde mental: ambientes projetados com base nos princípios da neuroarquitetura podem promover a saúde mental dos idosos, reduzindo o estresse, a ansiedade e a depressão.
Estimulação cognitiva: a disposição de áreas que incentivem a atividade mental, como locais de leitura ou espaços para hobbies, pode ajudar a manter a mente ativa e estimulada.
Em busca de segurança: ao eliminar obstáculos e conceber ambientes seguros e acessíveis, a neuroarquitetura residencial pode reduzir o risco de quedas e lesões entre os idosos.
Bem-estar físico: ambientes que promovem a atividade física, como espaços para exercícios e jardins acessíveis, contribuem para o bem-estar físico, ajudando a manter a mobilidade e a saúde geral.
Portanto, a neuroarquitetura residencial oferece uma abordagem holística e centrada no ser humano para projetar ambientes que atendam às necessidades específicas dos idosos, com moradas saudáveis e acolhedoras que promovem o bem-estar físico, mental e emocional. Tudo isso para permitir que eles desfrutem de uma qualidade de vida elevada em seus lares durante o processo de envelhecimento.