Clínicas e hospitais já utilizam a neuroarquitetura para o desenvolvimento dos espaços
Cada vez mais hospitais, enfermarias, consultórios, clínicas, salas de descanso e de descompressão, além dos demais ambientes destinados aos cuidados com a saúde, têm investido nos princípios da Neuroarquitetura. Isso com o objetivo de possibilitar uma melhor e mais rápida recuperação de seus pacientes, assim como o bem-estar físico e mental de seus colaboradores e outras pessoas envolvidas, como os acompanhantes daqueles que estão enfrentando algum tipo de enfermidade.
Sendo assim, nosso tema de hoje é sobre como a neurociência aplicada à arquitetura dos espaços médicos e, como isso traz inúmeros benefícios para todos. Para falar sobre esse assunto, tivemos a colaboração da arquiteta Bia Rafaelli, especialista em design biofílico e uma das responsáveis pela revitalização do espaço de convivência do Instituto do Câncer Infantil (IFI), de Porto Alegre – RS, um case de sucesso, que também será comentado no decorrer deste texto.
Mais perto da natureza
Com o passar dos anos, os espaços médicos vêm se transformando. Ao invés de salas excessivamente claras e, geralmente, mais fechadas, os ambientes têm recebido cores e formas mais alegres, maior conexão com o mundo e externo, e principalmente, com tudo que é natural! Afinal, a Biofilia (que significa amor pela natureza) – uma das sete variáveis da Neuroarquitetura e o foco principal deste artigo – contribui de forma acentuada para a sensação de felicidade de pacientes e médicos.
Para se ter uma ideia, estudos indicam que ambientes biofílicos possuem a capacidade de diminuir o estresse, a ansiedade, e estimular a criatividade, além de incentivas as interações sociais. Muito além da presença do verde, a partir de espécies de plantas e flores, essa tendência também explora o uso da luz e da ventilação naturais, das formas orgânicas e do uso de materiais com essa proposta.
Instituto do Câncer Infantil (ICI)
Um exemplo bem-sucedido desse tipo de trabalho pode ser visto no Instituto do Câncer Infantil de Porto Alegre. Recentemente, a Sala de Convivência dos Funcionários foi totalmente remodelada com os princípios e estratégias do design biofílico, a fim de proporcionar um ambiente relaxante, restaurador e energizante aos colaboradores e voluntários do ICI na hora das refeições e descanso. De acordo com Bia Rafaelli: “foi um projeto feito por muitas mãos, com trocas enriquecedoras e um grande aprendizado. Uma verdadeira rede de amor à vida!”
A iniciativa proporcionou ricas experiências a partir da estimulação dos sentidos por diferentes elementos: cores e formas para a visão; uma fonte de águas calmas para a audição; velas com óleos essenciais e cheiro de plantas nativas para o olfato; diversos temperos um bowl repleto de frutas para o paladar e, por fim, para o tato, diferentes texturas e materiais naturais (madeira, pelego, algodão, cortiça etc.). Enfim, tudo isso contribuiu para o desenvolvimento dos sentidos, da neuroplasticidade, das funções cognitivas, além de uma ligação emocional das pessoas com o local.
Exemplos no Brasil e no mundo
No Brasil, outros hospitais também estão investindo em estratégias de design biofílico como o Albert Einstein, além do projeto da Comunidade Biofílica na diálise pediátrica e na sala dos funcionários da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre (RS). Fora do Brasil, há outros exemplos interessantes como em Singapura, o Hospital Khoo Teck Puat, que traz uma floresta tropical como cura, através das imagens, cheiros, sons dos pássaros e o barulho da água. Há também o Hospital Infantil Lucile Packard, em Palo Alto – Califórnia, que aplica muitas estratégias indiretas do design biofílico como imagens de natureza que servem também como sinalização e referência de localização dos ambientes.
O caminho é esse: hospitais mais completos e conectados com as novas necessidades da população, valendo-se da neuroarquitetura como elemento essencial. Vamos caminhando!